quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Queda-livre



Milhões de corpúsculos copulam à meia-lua
Flutuam tão leve que nem se percebe
Nos olhos do leigo nada se parece
Ou quem sabe a existência nem se perpetua

Milhões de corpúsculos copulam à meia-lua
E é por isso que confunde-se noite e dia
Numa busca irracional pela ínfima alegria
Esquartejam sadicamente a carne nua

Milhões de corpúsculos copulam à meia-lua
Tortura maior que essa há de surgir
Para aquele que outrora fez emergir
O gozo que agora não se perpetua

Mas a vingança ainda que se efetua!
Mesmo que doa mais do que a tortura
Vai nascer aquilo que falta para a cura
Numa troca de palavras, da mole pra dura

E antes que o medo volte a evanescer
Milhões de corpúsculos à meia-lua copularão
Se ainda assim não acontecer
Atiro-me de um penhasco e acabo com a minha solidão!

(Como fazem milhões de corpúsculos, todos os dias)

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