segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Coca-cola n°3



E foi justamente quando a humanidade mais crescia e evoluía, crente de toda a pompa necessária para a autossuficiência, autoerotismo, auto o caralho de asas, etc., etc., etc., que algum maluco diagnosticado bossalmente com psicopatia ou o que quer que valha assassinou sete pessoas em uma mercearia de esquina da mais baixa qualidade atrás de coca-cola. Preso em flagrante, declamou uma ode ao produto, que retumbou como uma confirmação da supremacia da privatização da organização da forma da autossuficiência da autoindulgência da automalemolência da... Dignidade aderida da forma mais baixa possível, o homem gerou controvérsias. Escreveu um livro. Pousou nu. Plantou uma árvore. Foi proclamado o rei do submundo. O mundo que era sub, sub que significa embaixo. O mundo que era baixo, mais baixo que qualquer mundo individual. Hare krishna, dinheiro, fama, poder, sexo, sexo, sexo... Se matou, como todo ídolo pop, vítima do próprio monstro que criou, cujo não pôde mais escapar. Babacas em todo o mundo trataram de proclamá-lo o homem mais importante da história. Seu elixir sagrado refletia neles mesmos. Pela primeira vez, sem máscaras, sem censuras, um câncer osteoporótico os abraçava feito mãe. E isso dava um prazer tão grande que o grito de gozo podia chegar aos céus, captado via ondas de alguma partícula ainda não interpretada pelo homem por alguma raça que já superou a bebida do diabo e que vive em mais perfeita harmonia. Se fosse feito um retrato, podia-se ver um bilhão de rostos sorridentes, com dentes enormes e careados, quase rasgando os cantos da boca, numa ereção constante e num gemido uníssono, coral interestelar que comandava tudo o que restava da magnificência terrestre. Uma chuva fina caía, feita de coca-cola, monóxido de carbono e sêmen, provavelmente do Marilyn Manson, que já tinha tatuado na virilha o rosto do assassino. Caía mansinho, molhando uma família de esquilos, que se abrigaram em velhos carvalhos até que pudessem sair e ver o sol nascer reluzente.

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