sábado, 8 de outubro de 2011

Menina-flor


Se você, menina-flor,
Repete o mantra ancestral
A dor do cuspe de um filho
Corrói a tua imagem vestal
Por vezes a palavra errada
Faz o peito arder à crua
Carne solta fedendo a bosta
Dói a frouxa embocadura
Que chora

Tornar-se-á um fantasma
À sombra do teu destino
Se é de fazer acordo
Renega o teu próprio filho

Enxugando o soluço crivo
Sentirá teu sangue retornar
O sorriso bobo e lascivo
Pequenos e grandes lábios aflorar
E quando a noite te apunhalar
Lembra do sonho do mendigo
Que bêbado, te olhou e disse:
Não chore por seus mortos, menina flor
Reza à Deus, oh pai, todo poderoso
Lembrai-vos, oh senhor, dos vossos filhos!
Teu ventre ainda vai te dar uma penca de filhos!

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