sábado, 14 de junho de 2014

Num quarto empoçado de sangue,
escrevi aquilo que eu era, refletido na mais atroz das anomalias:
uma fonte de ausência e monarquia excludente,
pertencente ao reino dos que nada fazem.

A noite me trancara no pior dos pesadelos.
Redes supercorpóreas me transformavam num asco
daquilo de mais imundo que poderia existir.
Incluso no processo de me redimir, deitei 
na lama fria e me fundi ao inferno da ataraxia,
representando naquele recinto toda a estabilidade vazia do que mais me motivava.

Eu enlouqueci
E diante de uma massa de pessoas trancafiadas num quarto feito de carne, fluidos e tristeza 
Penetrei na boceta da sequela humana 
E ejaculei as lágrimas da minha evanescência.

Não havia existência perante o divino,
portanto,
toda e qualquer angústia merecia ser respeitada,
ampliada e idolatrada.
A luz cegava meus olhos e a escuridão grosseira
era a única forma de acalanto num mundo de alegrias que não me eram de direito.

Meia-noite. Minh'alma pertencia ao diabo.

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