terça-feira, 2 de agosto de 2011

Pseudo-poeta


Como vai?
O ano correu tão depressa
Se desfez aquela nossa promessa
Que Shakespeare insistiu em cantar
Mas que o brilho dos seus olhos
Que hoje não brilham para nada
Há muito tempo deixou de acreditar

Não se perturbe, não
Aqui passei só de visita
Para cumprimentar a família
E gargalhar das tragédias dessa vida
Até nossos olhos se encherem de lágrimas
E quando a máscara cair
Espero estar bem longe

E é isso, minha amiga
Somos masoquistas no escuro
Dançando conforme o hino
Aquele canto fúnebre oco
Que nos faz querer socar a vida
E amaldiçoar o dia em que nascemos

Não, querida, eu não bebi
Sou apenas um pseudo-poeta
Daqueles escravos da tristeza
E do sentimento pessoal
Que invade a boca, amargo
E entala bem no meio da garganta
Sentimental

Vou-me embora antes que anoiteça
E que seus filhos venham lhe abraçar
Só me faça um favor, antes que esqueça
Traga aquele caderninho de poesias
O preto, de iniciais brancas

E que ainda esteja inteiro, veja bem
Pois ali estou, claro como a luz
E não quero que seus rebentos
Com quem sonho toda noite
Um dia me vejam nu

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